sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A infância e o Futebol


Para parte dos professores e técnicos de futebol, crianças não passam de estatísticas: quantidade de gols feitos, número de desarmes executados no tempo jogado, quantidade de jogos, títulos conquistados, enfim, do desempenho.
“Treinadores” costumam inscrever equipes de crianças de 05 a 10 anos em campeonatos oficiais (liga e federações regionais) e, assim, terem a oportunidade de demonstrar o “profissionalismo da comissão técnica”, promoverem-se e angariar mais alunos através dos resultados. Vale ressaltar – principalmente aos pais que aceitam tal quadro - que as competições atreladas apenas às vitórias enobrecem técnicos e paralisam as crianças em longos momentos de espera no banco de reserva. Oponho-me a esse tipo de pratica, e algumas cenas e atitudes grotescas durante a disputa de jogos (campeonatos e torneios) causa-me indignação ao constatar a fragilidade pedagógica de alguns professores e técnicos (direito adquirido pelo CREF).
O olhar míope dos responsáveis compromete o cenário e, por extensão, as crianças que chegam à escola de futebol ou de futsal trazendo consigo toda uma história de vida formada a partir das experiências sociais, culturais, afetivas, intelectuais, sensíveis e motoras.
Em se tratando de experiências motoras que é um conhecimento de interesse para o esporte, essas são construídas e afirmadas nas relações da criança com o seu próprio corpo, com o corpo de outra e com objetos.
Quando não se valoriza a formação cultural de uma criança, descarta-se uma série de brincadeiras. Entre os meninos, invariavelmente, têm as brincadeiras de bola. Seria muita pretensão de professores e treinadores acreditar que a criança ao entrar em uma escolinha não tem conhecimento de jogar bola com os pés e que ensinarão tudo a ela. Petulância maior seria desprezar a cultura motora infantil: quantos de nós aprendemos a fintar (demarcar) jogando pega-pega, ou a passar a bola jogando bobinho? Os componentes lúdicos presentes nas atividades conhecidas e as intervenções dos professores servem de ponte para as crianças construírem novos conhecimentos. Caso contrário, pode-se ficar na pratica pela pratica e não diferenciar o que se fazia fora do que se faz dentro da escola.
As crianças podem iniciar no futebol – campo ou salão – bem cedo, porém devem ser poupadas da competitividade excessiva e estimulada a encontros amistosos e festivais com oportunidade de jogos para todas, privando-as do vigor crivo de boa parte dos adultos ( pais, tios, avós e técnicos).
O esporte na infância é sempre educacional não importa se realizado em clube ou escola. Trata-se de auto-rendimento, não alto-rendimento. Ser educacional implica em ser ético e responsável, buscando excelência e excluindo idiossincrasias de professores mal preparados.


Flávio Fernandes Rodrigues ( Pupo )
Profissional de Educação Física

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Brasil, São Paulo, nossa “casa”

Um balanço Copa do Mundo de Futebol de Rua 2008:
- Vencemos a Ucrânia, devolvendo a derrota da estréia e garantindo o sétimo lugar geral, entre os 45 participantes do torneio masculino (lembro que três países "faltaram" e outros oito participaram com equipes femininas, em torneio paralelo);- Vencemos a final o Afeganistão em jogo bastante disputado com a Rússia (5x4) e, apesar de inexpressivo no futebol profissional - penso que mal deve existir -, os afegãos apresentaram um futebol forte e de grande qualidade;
- Depois do sucesso da Michele em 2007, o Carlinhos, nosso camisa 10, foi considerado o melhor jogador do torneio 2008 e, novamente, recebemos com orgulho essa taça.
- Reforço e parabenizo todos os garotos pela postura dentro e fora do campo. Jogaram bonito e encantaram organizadores, torcedores, árbitros e mesmo adversários. É intrigante ver o assédio a nossos jogadores para entrevistas, fotos, autógrafos, presentes, beijos e abraços. Em diversos momentos parávamos sem entender o que se passava e, ingenuamente, nos perguntávamos se pessoas inadvertidas pensavam que se tratavam de “jogadores de verdade". Enfim, algo a se pensar e trabalhar os impactos que isso pode ter dentro e fora do campo.
- Mais uma vez, parabenizo a organização do evento que honrou toda a credibilidade que o evento ganhou nos últimos 6 anos.
Valeu!!! Uma linda campanha: 13 jogos, 10 vitórias, 98 gols marcados e 39 sofridos e um grupo contente.
Sucesso a todos!

domingo, 7 de dezembro de 2008

Caímos nas quartas!!!

Uma partida trágica: uma forte chuva de 30s imediatamente antes da partida. Escorregões e a contusão do goleiro Diego e quatro gols sofridos no primeiro tempo. Bravamente, o time buscou o resultado, tirou a diferença, mas acabou derrotado por 5x4.
Apesar da tristeza enorme de ter perdido para um time inferior tecnicamente e aquele sentimento de que dava para ir adiante, a equipe assimilou a derrota e ergueu a cabeça, sabendo que cumpriu muito bem seu papel chegando às finais pela primeira vez desde 2003, que trouxe alegria à Austrália e que trará muita coisa boa ne volta ao Brasil.
Hoje, disputamos a última partida contra a Ucrânia e o nosso craque Carlinhos ainda concorre como o melhor jogador do torneio, apesar de estarmos fora da final.A Rússia derrotou a Escócia - atual campeã - na semifinal e enfrenta o Afeganistão, que venceu Gana, na grande final, repetindo a decisão de 2006, quando a Rússia venceu por 1x0 e levou o titulo.
Dentre as atividade extra-campo, vale mencionar a articulação entre os países latino americanos (Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Colômbia e México) para a criação de um movimento regional e as articulações para que a Homeless World Cup 2010 seja realizada no Brasil, em nova "disputa" com Argentina e Chile.Seguramente a ótima performance deste ano é resultado do lançamento do projeto Futebol Social e ao trabalho realizado junto aos nossos parceiros na preparação (Nike, Corinthians, Anhembi-Morumbi, entre outros).
Agradecemos também a todas as entidades envolvidas nas seletivas e aos voluntários que tanto se dedicaram para que tudo isto fosse possível.Em breve, lançaremos a agenda para 2009 e contamos novamente com o apoio de todos.
A equipe chega em Guarulhos às 16h55 desta segunda-feira em vôo a partir de Buenos Aires (BA0246 - Terminal 1).

sábado, 6 de dezembro de 2008

Estamos nas Finais!


Após um jogo vibrante e extremamente disputado, nossa seleção venceu Portugal por 2x1 e garantiu a classificação às finais. O jogo foi apontado por muitos como um dos melhores já disputados no torneio e seguramente o melhor desempenho do Brasil. A vitória por 9x0 sobre a Hungria fechou a excelente performance do time: 10 jogos, 9 vitórias, 86 gols marcados e 22 sofridos, com saldo de 64 gols.Os oitos classificados são: Brasil, Ucrânia, Inglaterra, Afeganistão, Rússia, Quênia, Escócia e Gana.Enfrentaremos a Rússia nas quartas de final às 14:30 deste sábado. Acompanhe pelo site http://www.homelessworldcup.org/
As finais ocorrem no domingo.A equipe chega em Guarulhos às 16h55 de segunda-feira em vôo a partir de Buenos Aires (BA0246 – Terminal).

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Calor Geral


Manhã de sexta-feira e, após dias frios, o calor chegou forte em Melbourne. Enquanto nossos craques descansam para os confrontos desta contarei mais um pouco da nossa temporada aqui na Austrália.
A quinta-feira foi bem positiva: 3 jogos e 9 pontos! 11x0 em Hong Kong, 8x3 na Noruega e 10x4 no Kenia. Logo mais o grande clássico contra a forte equipe de Portugal que pode antecipar nossa classificação às quartas de final. E no fim da tarde, enfrentamos a Hungria.
Dentre os muitos destaques do evento, vale mencionar a presença do árbitro dinamarquês Kim Nielsen, célebre pela expulsão de David Beckham na Copa de 1998 durante a partida entre Argentina e Inglaterra. Ele apitou, também, outros jogos históricos como a semifinal entre Brasil e Turquia em 2002 e a final da Copa dos Campeões, em 2004, entre Porto e Monaco. Participação como essa mostra a seriedade e profissionalismo do evento.
É importante registrar que a postura de nossos garotos tem sido destaque tanto dentro quanto fora de campo com muito fair play e um sorriso presente no rosto.
Hoje, acontecem as últimas partidas classificatórias, e no sábado e domingo as finais.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Compartilhando Emoções


Finalmente após alguns dias, consegui um momento para relatar mais uma Copa do Mundo de Futebol de Rua. Após mais de 30 horas entre vôos e aeroportos - potencializados pelo fuso de 13 horas -, chegamos a Melbourne na madrugada de segunda-feira (1).
Iniciamos os jogos na terça-feira e, após uma estréia nervosa, na qual perdemos de 6x4 para os ucranianos, a equipe se recuperou e se classificou com tranqüilidade para a 2º fase com 4 vitórias; com destaque ao confronto com os hermanos: 15x3! Vale ressaltar também outros resultados: 11x1 (Malawi), 8x3 (Timor-Leste) e 8x1 (Lituania).
Agora, estamos entre os 24 melhores dos 46 que iniciaram a competição e disputaremos cinco novas partidas para buscar vaga na disputa da Copa do Mundo para a qual se classificam os dois melhores de cada um dos quatro grupos de seis equipes que foram formados após a primeira fase. Hoje, enfrentamos Hong Kong, Noruega e Kenya. Amanhã, sexta-feira, Portugal e Hungria.
A seleção brasileira tem feito todo o sucesso que a camisa amarela naturalmente promove nos campos mundo afora e retribui satisfatoriamente, com habilidade, alegria e simpatia. A receptividade é muito boa e a organização dos australianos surpreende: boa acomodação, boa comida, opções de entretenimento e lazer. O público acompanha em massa e muitos brasileiros têm aparecido para prestigiar nossos garotos.
A partir de agora o nível dos adversários é muito alto, mas temos condições de avançar. Contamos com a sua torcida. Acompanhe os resultados no site: http://www.homelessworldcup.org/.
Ah! A Michele, que jogou conosco na Dinamarca, em 2007, e foi eleita a melhor jogadora do torneio, é freqüentemente lembrada por técnicos, árbitros e dirigentes. Tornou-se um símbolo do evento! Mais uma prova de que os brasileiros tornam-se inesquecíveis quando realizam um bom “trabalho”.